Este blog exibe um conteúdo 100% católico e é administrado pelo pe. Saverio Licari. Através da arte e da iconografia oriental deseja-se divulgar a Palavra Eterna de Deus pelos novos areópagos do homem contemporâneo. Com efeito, a encarnação de Cristo é o fundamento iniludível da representação de Deus em forma humana.

ÍCONES – UMA JANELA PARA A ETERNIDADE Pavel Evdokimov, um dos grandes teólogos russos refugiados na França, definiu o ícone como “uma janela para eternidade”. Não se olha a janela, mas, pela janela se olha o panorama externo. No caso do ícone, pela fé o ícone nos abre os olhos e o coração para o eterno ali figurado. O ícone é sempre dogmático: suas linhas e cores expressam um conteúdo da fé cristã. O iconógrafo não é livre para pintar os ícones, pois deve obedecer à linguagem da fé explicitada pela Igreja. Como exemplo: as possibilidades de pintar um ícone da Natividade do Senhor são quase infinitas, porém, todas elas necessariamente contém os mesmos traços e cenários. A Verdade é uma, sua expressão é múltipla. O ícone é palavra visível, pregação da verdade. Os judeus tinham uma mentalidade acústica (ouvi dizer, disseram nossos pais, eu vos digo...). Já os gregos são de mentalidade visiva (contemplar, meditar), donde a importância teológica e espiritual do ícone: eu vejo uma imagem, através dela ingresso no eterno, no divino. A Palavra se fez carne (Jo 1,14) é o fundamento da arte sacra. A Apóstolo João inicia sua Carta declarando que escreve “o que ouvimos, o que vimos” (1Jo1,1). Com a encarnação, o acústico judeu (ouvimos) se une ao visivo grego (o que vimos). Essa unidade se dá no Cristo homem e Deus: falando, se manifesta como imagem do Pai e, ao mesmo tempo, sua Palavra. Após a encarnação, toda a criação é apta para expressar o mistério, pois nela está encarnado o Filho de Deus. Toda a matéria utilizada na confecção de um ícone é matéria santa por natureza. O artista, dando-lhe forma, revela um ângulo do mistério da fé. Ele não inventa mistérios, e sim, desenha o conteúdo da fé da Igreja. O Iconógrafo-sacerdote da beleza. O iconógrafo não é um profissional que ganha a vida com ícones. Se isso acontecer, estamos apenas diante de uma obra humana, e não frente a uma obra divina. O iconógrafo pode ser comparado ao sacerdote que celebra a liturgia: “Ensina com as palavras, escreve com as letras, pinta com as cores, em conformidade com a tradição; a pintura é verdadeira como aquilo que está escrito nos livros: ali está presente a graça de Deus, porque o que é representado é santo” (Simeão o Novo Teólogo, Diálogo contra as heresias 23). “O sacerdote nos apresenta o Corpo do Senhor com os ofícios litúrgicos, com a força das palavras. O pintor o faz por meio da imagem” (Podlinnik – manual russo para os pintores de ícones). Do mesmo modo que o sacerdote se recolhe em oração antes de celebrar os mistérios, o iconógrafo autorizado pela Igreja vive um mês de jejum a pão, água e sal, buscando a purificação interior com a oração e a contemplação do mistério que irá desenhar. A primeira pincelada é de cor branca, simbolizando a Luz que o iluminará e dará resplendor ao ícone. Tradicionalmente, o primeiro ícone é o da Transfiguração do Senhor: assim como o Cristo apareceu em forma luminosa no Monte Tabor, do mesmo modo o artista transfigurará a criatura para que revele a Verdade a ser contemplada. Pe. José Artulino Besen

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